Mais tempo de trabalho pressupõe melhores condições de trabalho
A reforma da Previdência no Brasil ganhou destaque após o “governo Temer” assumir. Estima-se que o rombo na Previdência seja em torno de R$200 bi, considerando o déficit do INSS e Previdência de servidores públicos. O entendimento é simples: há anos que o Estado arrecada menos do que pega em benefícios.
Mudanças sociais como a diminuição da taxa de natalidade,
aumento da expectativa de vida são apontados como determinantes, embora
potenciais desvios de recursos não sejam discutidos abertamente. Mudanças na pirâmide social são inevitáveis e só reforçam a desorganização e falta de planejamento dos Governos que assumiram o poder nos
últimos anos. Leiam bem: eu disse últimos governos, não se trata de questões
ideológicas, pois todos tiveram sua parcela de culpa ao fechar os olhos para a
tão necessária Reforma Previdenciária.
FONTE:
Gabriel Jabur/ Agência Brasil
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Mas qual a relação de todos esses fatos com problemas
funcionais? Primeiro, é preciso entender que o trabalho assume um papel central
nesse contexto. O trabalho gera renda, para o indivíduo e para o país, através
dos impostos. Aí é que entra a questão da Previdência. Se a intenção do governo
é manter o contribuinte por mais tempo nas suas funções, antes é preciso se
preocupar com a vida útil desse trabalhador. Em outras palavras, é necessário garantir
condições mínimas para que o contribuinte continue exercendo suas funções a
despeito dos efeitos do envelhecimento funcional, da insegurança no trabalho e condições
em que as tarefas são exercidas.
Debater a Reforma da Previdência é necessário. Mas, talvez
uma agenda mais positiva deveria incluir a questão dos direitos trabalhistas, das
precárias condições de trabalho pelo Brasil afora causando adoecimentos e
ausências do trabalho, a fragilidade dos vínculos empregatícios que impactam na
insegurança e risco de acidentes, o excesso de impostos aos pequenos
empresários comprometendo o trabalho formal, a limitada capacidade das agências
regulatórias fiscalizarem quem de direito. Sem mencionar a ausência de ações
abrangentes de promoção à saúde para garantir uma boa capacidade física nas
idades avançadas, aspecto fundamental para minimizar o envelhecimento
funcional.
Se a nova Previdência tem a intenção de diminuir os gastos
públicos com processos de aposentadoria precoce, seja por doença ou idade, será
preciso pensar em medidas que permitam preservar a capacidade funcional existente
do trabalhador e mecanismos para detectar a sua deterioração o mais cedo
possível, visando prevenir a incapacidade para o trabalho e prolongar a vida
útil do trabalhador. Sem condições, quem sobrará para trabalhar em um contexto
de idade avançada?
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